O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) está conduzindo uma investigação envolvendo vinte candidatos a vereador em Mato Grosso, sob suspeita de terem suas campanhas financiadas por uma facção criminosa. As suspeitas apontam para a tentativa da organização em interferir no processo eleitoral de, pelo menos, oito cidades do estado, incluindo Cuiabá, Várzea Grande, Nobres, Cáceres, Sinop, Primavera do Leste, Sorriso e Alta Floresta.
Segundo o coordenador do Gaeco, Adriano Roberto Alves, a facção teria mudado sua estratégia ao injetar dinheiro vivo em campanhas políticas, esperando que, se eleitos, os candidatos favoreçam os interesses do grupo criminoso. “A facção viu na política uma oportunidade de lavar dinheiro sem ser detectada, investindo na base eleitoral de vereadores”, explicou Alves.
A principal preocupação das autoridades é que esses candidatos possam ascender a cargos mais altos, como prefeitos, deputados e até senadores, o que ampliaria o poder da facção no estado. Alves ainda revelou que a fiscalização será reforçada: “O Gaeco investiga 20 candidatos, mas com o aumento da influência do crime organizado no processo eleitoral, novos órgãos de fiscalização foram criados na Polícia Civil e na Polícia Federal. Esse número pode dobrar”.
As investigações indicam que o dinheiro proveniente da facção é utilizado em campanhas, através de laranjas, para produção de materiais publicitários e compra de votos. Um dos exemplos citados pelo promotor foi a instalação de placas de campanha em residências, onde o pagamento seria uma forma de garantir o voto.
Além da atuação no cenário eleitoral, o Gaeco também descobriu que a facção criminosa aproveita eventos como shows, trazidos ao estado por faccionados, para lavar dinheiro. A organização ainda influencia em leis municipais, zoneamento urbano e apoia jogos de azar em campeonatos amadores, muitas vezes financiados com dinheiro público, com o suporte de vereadores financiados pela facção.
As investigações continuam, e o Gaeco reforça o compromisso em intensificar a fiscalização para impedir que o crime organizado influencie o processo eleitoral em Mato Grosso.